Personalidade fragmentada e conflitos internos: o grande problema do comportamento humano.


Você já percebeu sua capacidade de sentir imenso prazer por ser quem é, mesmo sabendo que sua personalidade é a responsável por colocar você muitas vezes em situações desagradáveis?

Este é um dos maiores obstáculos à mudança comportamental. São os chamados ganhos secundários inconscientes, intenções de alguns fragmentos das nossas personalidades.

De acordo com a Teoria de Freud, o comportamento resistente acontece de forma inconsciente devido à presença de elementos psicológicos profundos e não percebidos pela camada consciente da mente.

Estudos da área da Programação Neurolinguística definem essa condição como “polaridades internas”. É como se houvesse dentro de nós várias partes da nossa personalidade agindo simultaneamente com interesses distintos e muitas vezes conflitantes.

Uma das hipóteses defendidas é a de que alguns indivíduos criam novos fragmentos da personalidade quando submetidos a novos contextos, novos desafios ou novas fases da vida. O exemplo abaixo trará a você maior clareza sobre a questão.

Imagine uma criança que inicia uma nova fase da vida, fora do ambiente familiar, e que se vê obrigada a criar novos padrões comportamentais, diferentes daqueles ensinados em seu lar. Em suas primeiras experiências escolares a criança percebe que as novas situações exigem uma nova postura, pois a maneira de viver ensinada em casa já não gera resultados vantajosos.

Entretanto, quando retorna à sua casa, a estrutura familiar lhe exige os mesmos padrões de sempre, repreendendo as novas condutas adquiridas. Neste caso, a criança inicia um processo de construção de uma personalidade múltipla, capaz de se relacionar de forma bem sucedida nos dois ambientes.

O medo de sentirmos novamente a dor da rejeição e da reprovação nos impulsiona a criarmos diversos fragmentos de nossas personalidades. Este é um dos principais motivos pelos quais nós, seres humanos, muitas vezes mentimos: a necessidade de sermos sempre adequados, valorizados e reconhecidos. Tal atitude incoerente é popularmente conhecida como “máscara”.

Como dá para imaginar, em certos momentos da vida, devido aos vários papéis que desempenhamos, fica praticamente impossível agir de forma tão diversificada. Sobretudo nos momentos de maior tensão e estresse, acabamos por “deixar as máscaras caírem”, bem em frente às pessoas com as quais nos relacionamos com maior frequência e intensidade.

Transformações na personalidade costumam ocorrer de forma mais intensa em situações como a primeira experiência escolar, a adolescência, o primeiro relacionamento amoroso, a faculdade, o intercâmbio, o primeiro emprego, uma marcante mudança geográfica, grandes perdas, crises ou traumas familiares, entre outras.

Você deve estar percebendo que se trata de algo complexo, e não de uma simples questão de que fulano ou ciclano usam máscaras! Muitas vezes, somos nós mesmos que usamos máscaras em nossos relacionamentos, devido às nossas incoerências e incongruências internas.

E é devido às nossas polaridades internas que possuímos comportamentos autossabotadores, que ocorrem de forma inconsciente e indesejada. Existe parte de nós que quer algo, enquanto outra parte deseja o contrário.

E o que fazer quando existe algo que nos autossabota internamente?

O que fazer para superarmos nossas incoerências?

É consenso (pelo menos entre as vertentes terapêuticas e abordagens de desenvolvimento comportamental que eu conheço) a necessidade de integrar os fragmentos da personalidade para uma vida mais feliz, plena, coerente e emocionalmente equilibrada.

Encontramos nos registros de Milton Erickson (Hipnose Terapêutica), Fritz Perls (Gestalt Terapia), Sigmund Fred (Psicanálise) e Robert Dilts (Programação Neuroilinguística) firmes embasamentos para conduzirmos nossas experiências neste sentido. E não é fácil contestar os resultados bem sucedidos dos estudiosos mencionados!

Para promover a integração das polaridades internas é necessário investigarmos nosso eu mais profundo. Experiências envolvendo as técnicas de Hipnose e Programação Neurolinguística têm demonstrado que é possível criar uma condição ideal para que, com a linguagem apropriada, consigamos revelar quais são os aspectos da personalidade que estão em conflito e promover a mediação entre essas partes.

É importante ressaltar que trabalhos recentes, como o do renomado coach norte americano Anthony Robbins, costumam enfatizar a importância da nossa relação com nossos genitores na formação das nossas personalidades.

Durante nossa infância, à medida que nos desenvolvemos, condicionamo-nos a sentir medo de sermos reprovados pelos nossos pais, devido aos nossos novos comportamentos. Também sentimos carência pelo afeto de nossos genitores, em especial pelo de um deles (ou do pai ou da mãe). E estes fortes sentimentos, presentes desde que somos muito novos, determinam grande parte das nossas escolhas comportamentais pelo resto de nossas vidas.

Por qual dos seus pais você mais esperou afeto?

O afeto de qual deles você esperava que fosse diferente do que foi?

Você percebe como suas escolhas ainda estão sendo guiadas pela busca de um afeto diferente por parte de algum deles?

Enfim, percebemos que não necessitamos mais lutar a qualquer custo para sermos quem somos. Podemos mudar! Também não precisamos continuar nos esforçando para sermos quem nossos pais gostariam que fôssemos. Seria um esforço inútil se, pelo resto da vida, deixássemos de buscar nossa felicidade para conquistar a aprovação de alguém que, provavelmente, jamais ficaria plenamente satisfeito conosco!

Ah, como seria bom ter uma só personalidade em todos os locais e com todas as pessoas, não é verdade?

Que sensação maravilhosa seria perceber nossas palavras e ações agindo sempre na mesma direção, concorda?

Quão agradável seria ser íntegro no sentido literal da palavra, não é mesmo?

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BetoRossini
Hipnólogo e Trainer em Programação Neurolinguística


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Referências desta publicação:

DILTS, Robert. Crenças: caminhos para a saúde e o bem estar – São Paulo: Editora Summus.

FREUD além da alma. Direção: John Huston. EUA, 1963.

ZEIG, Jeffrey. Os seminários didáticos de psicanálise de Milton H. Erickson – Rio de Janeiro: Editora Imago.

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